Cidade Cultural










Clayton Chiesa
Músico e produtor musical






60 Segundos




Olá, galera! Hoje vou falar sobre um “Road Movie” muito conhecido, o filme "60 Segundos" (Gone in 60 seconds). Todos conhecem a filmagem feita no ano 2000, com Nicolas Cage e Angelina Jolie como atores principais, mas poucos sabem que este filme é um remake. Sim, ele foi criado e filmado originalmente em 1974 e tem uma série de curiosidades bem legais. Vou mostrar aqui a história completa das duas versões.


Visionário, louco, astuto, diretor, roteirista, dublê, ator e corajoso, muito corajoso. Estas são algumas das qualidades que H.B. Halicki (guarde bem este nome) conseguiu reunir durante as filmagens de “Gone In 60 Seconds (1974). Sim, você não leu errado, 1974.





Com menos recursos monetários e tecnológicos do que seu homônimo mais recente, o Gone In 60 Seconds, de 39 anos atrás produziu a cena mais longa de perseguição da história do cinema, com 34 minutos. O mais impressionante é que tudo foi feito de forma independente.


O enredo das duas películas é basicamente o mesmo: Uma série de carros precisam ser roubados e o principal alvo entre esses veículos é um Mustang. As semelhanças acabam aí, em nomes. No filme original, o protagonista imprime fuga em um Mustang Mach 1 1973, pelo menos no roteiro. Com um orçamento apertadíssimo, Halicki modificou um modelo 1971 com algumas peças do 1973 para parecer mais recente. Embaixo do capô, o famoso V8 351 Cleveland da Ford. Na refilmagem, vocês se lembram bem, é um 1967 fastback altamente modificado por Chip Foose , que durante o filme é chamado de Shelby. 


O que mais impressiona no Gone In 60 Seconds original são os detalhes da produção. Em que pese a inflação acumulada de 39 anos, o filme custou apenas US$150.000,00 e faturou mais de 40 milhões. Para fazer esse milagre da multiplicação,ao invés de atores profissionais, Halicki “contratou” amigos e familiares para manter orçamento sob controle. Policiais, Bombeiros, e Paramédicos que aparecem no filme são, agentes reais. Até o prefeito da cidade de Carson, Sak Yamamoto, faz uma aparição interpretando ele mesmo. A ajuda da administração da cidade também ajudou Halicki na aquisição de veículos. Os carros de serviços mostrados no filme foram comprados por US$ 200 cada. A pechincha é porque estes veículos já estavam desativados há um ano e prestes a serem substituídos. A fim de evitar problemas com um eventual acidente, a grande maioria dos veículos civis vistos durante a perseguição principal pertenciam a Halicki. Por essa razão, alguns deles se repetem ao longo da sequência. 


Outra vaga semelhança entre os dois filmes é uma cena envolvendo o salto dos Mustangs no ápice de suas respectivas cenas de perseguição. No filme de 2000, a computação gráfica salvou a pele de todo mundo, menos a do bom gosto. Percebe-se claramente que ese trata de um truque e nem se preocuparam em esconder isso.


Já em 1974, Halicki foi louco o suficiente para protagonizar todas as cenas de perigo, afinal ele era o seu próprio dublê. O Mach 1 pilotado por Halicki decolou por 9 m de altura e atingiu 39 m de distância. Nem mesmo a gaiola de proteção nos padrões da Nascar evitou uma leve lesão na vértebra de Halicki que, segundo o diretor de fotografia Jack Vacek, nunca mais andou normalmente.


Um detalhe interessante, é que Halicki era proprietário de uma Mecânica e Funilaria onde eram feito reparos nos carros usados no filme e, inclusive, é mostrada no mesmo. Em diversos momentos, a produção foi interrompida por falta de dinheiro e esse outro negócio era o que gerava a renda necessária para que se retomasse as filmagens. O que é doloroso nessas produções, pelo menos pra mim, é ver tantos clássicos batendo, capotando ou sendo completamente destruídos. O que me consola é que na época em que foi rodado, esses carros estavam em produção ou haviam acabado de sair de linha.




Em maio de 1989 Halicki casou-se com Denice Shakarian. Pouco tempo depois começou a preparar a seqüência para o filme 60 Segundos de 1974, e durante uma preparação para uma cena do filme acabou sofrendo um grave acidente no set de filmagem e faleceu em 20 de agosto de 1989, aos 48 anos de idade. Em 1995, Denice, a viúva de Halicki, assinou um contrato com a Disney e o produtor Jerry Bruckheimer para a refilmagem de Gone in 60 Seconds, a qual Denice também atuou como Produtora Executiva. 




O REMAKE


Os roubos de carros estão cada vez mais frequentes. Quem é que não conhece uma pessoa que ficou apenas um minuto afastado do seu automóvel e não o encontrou quando voltou? Pior ainda se isso aconteceu com você, certo? A TV já mostrou diversas reportagens que provam como é fácil surrupiar um carro. Os ladrões profissionais (aqueles que se importam em não danificar o produto) não são detidos nem por travas, nem por alarmes. 


Este é o caso de Randall Memphis Raines (Nicolas Cage - de Despedida em Las Vegas, Con Air), um dos maiores ladrões de Los Angeles. Amante dos automóveis e da velocidade, Raines chama os carros por nomes de mulheres, conversa com elas e as trata com muito carinho. Para ele, as meninas estão ali pedindo para serem levadas. Ele apenas atende às suas vontades. Mas não pense que se atrai por qualquer máquina. Ferraris, Porsches, Jaguars e Mercedes é que estão na sua mira. O seu maior problema é com um Mustang GT 500... ele não consegue tirar esta menina chamada Eleanor da sua cabeça.




Segundo uma conversa entre os detetives Roland Castlebeck (Delroy Lindo - de Regras da Vida, Por Uma Vida Menos Ordinária) e Drycoff (Timothy Olyphant -Vamos Nessa, Por Uma Vida Menos Ordinária, Pânico 2), o nível de roubos caiu 47% quando Memphis decidiu largar a cidade e a carreira para levar uma vida normal. Seu irmão caçula, no entanto, seguiu seu caminho e acabou se tornando um ladrão também, mas não tão cuidadoso. Kip(Giovani Ribisi - de Mod Squad, O Primeiro Milhão) acaba se envolvendo numa grande encrenca com um criminoso perverso, chamado Raymond Artesão Calitri, e Memphis tem que voltar a Los Angeles para salvá-lo. Na cena em que eles se reencontram, Kip está num carro a ponto de ser esmagado e o irmão mais velho tem 60 segundos para decidir salvá-lo da morte iminente. Como? Muito simples, ele terá 72 horas para roubar 50 carros. Na lista estão um Porsche 911 Twim Turbo (Tanya), uma Ferrari 355 F1 (Iris), uma Dodge Daytona (Vanessa) e, claro, Shelby Mustang GT 500 (Eleanor), entre outras poderosas e lindas máquinas. 


Para conseguir cumprir o serviço, Memphis chama seus velhos companheiros. O primeiro é Otto (Robert Dowall - de O Poderoso Chefão, Apocalipse Now), que o ajuda a encontrar Donny Atricky (Chi McBride - do ainda inédito por aqui Disney´s The Kid), Esfinge (Vinnie Jones - de Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes) e a belíssima Sway (Angelina Jolie - Oscar de Atriz Coadjuvante por Garota, Interrompida). 


Quando toda a gangue se junta novamente, a ação começa. Resta apenas uma noite para que os 50 carros da lista sejam entregues. As cenas dos roubos foram filmadas com a ajuda de um ex-ladrão, que mostrou aos atores o que fazer para tornar o mais real possível este remake. Uma curiosidade: este consultor foi, como o personagem interpretado por Nicolas Cage, um grande ladrão de Mercedes e Porsches e depois que ele e sua turma foram presos, os roubos no Condado de Orange diminuíram 17%. O ponto alto da película são as perseguições. Além de mostrar os belíssimos carros, elas lembram antigos seriados de TV gravados também em Los Angeles, como o clássico CHIPs. 



1974 X 2000 

No remake o enredo foi muito alterado para dar mais ação e também ter o clássico romance clichê. Mas no meu ponto de vista isso não estragou o filme. Acho que tem cenas e algumas passagens no original que poderiam ter sido aproveitados, dariam mais graça e ação ao remake. Quem assistir os dois irá notar o que eu falo. Mas o que estragou esta versão foi realmente a cena do salto do Mustang, muito mal feita. Quando assisti no cinema, na época em que foi lançado, “broxei” com aquilo. 


Estava achando o filme perfeito até então. No original não “écxistem” montagens. O diretor/ator/dublê foi audacioso na cena e a fez sem perdão, tanto que esta ocasionou uma lesão vertebral a ele. Acho que faltou esta audácia no remake. No original, a cena da perseguição tem 34 minutos e é fantástica de se ver. 


Logo no início do filme ainda, mostram como se faziam carros dublês (ou os famosos clones hoje). Para quem gostou de ver o remake e principalmente quem gosta de carros como eu, o original de 1974 é indispensável. Não se encontra mais para vender, mas se acha com facilidade para baixar na internet. 


Para rir (ou não): Lembro quando terminou o filme (remake) no cinema que saí na frente do cinema e todos que estavam de carro saíam fritando os pneus, lembrando do filme. Para a minha felicidade, logo em seguida estava estacionado o meu Ford Maverick 1978 V8, “parente” do Mustang e, que para completar, era prata... Imaginem a cara deles quando viram eu passar na frente do cinema com aquele ronco forte e grave do “Maveko”... 


Carros do remake e seus nomes femininos:
1 1999 Aston Martin DB7 - Mary
2 1962 Aston Martin DB1 - Barbara
3 1999 Bentley Arnage - Lindsey
4 1999 Bentley Azure - Laura
5 1964 Bentley Continental GT - Alma
6 1959 Cadillac Eldorado - Madeline
7 1958 Cadillac Eldorado Brougham - Patricia
8 1999 Cadillac Escalade - Carol
9 2000 Cadillac Eldorado STS - Daniela
10 1957 Chevrolet Bel Air Convertible - Stefanie
11 1969 Chevrolet Camaro Z28 - Erin
12 1953 Chevrolet Corvette - Pamela
13 1967 Chevrolet Corvette Stingray Big Block - Stacey
14 2000 Ford F-350 4x4 modified pick-up - Anne
15 1971 De Tomaso Pantera - Kate
16 1969 Dodge Daytona - Vanessa
17 1998 Dodge Viper GTS-R Coupe - Denise
18 1995 Ferrari 355 B - Diane
19 1997 Ferrari 355 F1 - Iris
20 1967 Ferrari 275 GTB4 - Nadine
21 1999 Ferrari 550 Maranello - Angelina
22 1987 Ferrari Testarossa - Rose
23 1956 Ford Thunderbird (T-Bird) - Susan
24 2000 Chevrolet Tahoe (GMC Yukon) - Megan
25 1999 HMMWV (HumVee) 2-Door Pickup - Tracy
26 1999 Infiniti Q45 - Rachel
27 1994 Jaguar XJ220 - Bernadene
28 1999 Jaguar XK8 Coupe - Deborah
29 1990 Lamborghini Diablo - Gina
30 1999 Lexus LS 400 - Hillary
31 1999 Lincoln Navigator - Kimberley
32 1957 Mercedes Benz 300 SL/Gullwing - Dorothy
33 1999 Mercedes Benz CL 500 - Donna
34 1999 Mercedes Benz S 600 - Samantha
35 1998 Mercedes Benz SL 600 - Ellen
36 1950 Mercury Custom - Gabriela
37 1971 Plymouth Barracuda Hemi Cuda - Shannon
38 1969 Plymouth Superbird Road Runner - Jessica
39 1965 Pontiac GTO - Sharon
40 1999 Porsche 996 - Tina
41 2000 Porsche Boxster - Marsha
42 1961 Porsche 356 Speedster - Natalie
43 1988 Porsche 959 - Virginia
44 1997 Porsche 911 Twin Turbo - Tanya
45 2000 Rolls Royce Stretch Limousine - Grace
46 1966 Shelby AC Cobra - Ashley
47 1967 Mustang Shelby GT500 - Eleanor
48 2000 Toyota Land Cruiser - Cathy
49 1998 Toyota Supra Turbo - Lynn
50 2000 Volvo 850 Turbo Wagon R - Lisa



Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical

 

O comodismo brasileiro


Olá, galera! Em um artigo que escrevi há um tempo atrás aqui mesmo, falei de forma superficial sobre produtos e serviços oferecidos aqui no nosso país e o nosso comodismo em pagar o preço que custar. Hoje quero me aprofundar mais no assunto e, além de obviamente demonstrar a minha indignação a respeito do assunto decidi juntar um material bem legal para mostrar a todos com mais clareza o que penso e o que realmente está acontecendo no nosso país. Vamos lá!






O povo Brasileiro paga para não se incomodar. Esbraveja, reclama, mas... fica nisso. Falo de uma forma geral, pois são raras as exceções, infelizmente. E baseado na minha pesquisa, hoje tenho a total certeza disso. Ah, você deve estar pensando que eu devo ser algum metido a intelectual ou coisa parecida, né? Na verdade, não. Só estou cansado de trabalhar como um doido e não conseguir fazer certas aquisições que deveriam ser normalmente possíveis, assim como a grande maioria dos brasileiros. 


E não, a culpa não é do meu chefe, pois não sou mal remunerado. O caso é que pagamos uma carga absurda de impostos para tudo, absurda MESMO. O governo nos sacaneia tanto que chega a cobrar imposto mais de uma vez por certas coisas (vide IPVA + pedágio e mais uma série de impostos embutidos...). A grande maioria dos brasileiros não tem a menor noção do que é recolhido em impostos por ano. A imagem que ilustra este trecho do artigo mostra o valor arrecadado do início do ano até o dia de hoje (!!!).


É apenas uma das provas que pagamos caro demais por qualquer produto ou serviço prestado aqui. Há muito tempo que as leis SEMPRE acabam beneficiando quem as cria, os políticos. Eles, que deveriam estar lá para defender os nossos interesses, são os que mais lucram com isso. Não quero generalizar, porque existem raríssimas exceções, mas que infelizmente não conseguem mudar o sistema sozinhos ou em grande minoria, mas é o que acontece há anos. 


Um grande exemplo disso é a indústria automotiva. O Brasileiro é quem fabrica o automóvel MAIS BARATO DO MUNDO, mas é também quem MAIS CARO PAGA – palavras do poderoso chefão da Ford dos EUA. 


Ou seja, em resumo, fabricamos semi carroças motorizadas e pagamos preço de ouro por elas. Querem exemplos? (essa vai ser a parte mais divertida, para não dizer triste....) 


Vamos lá então: O famoso “Camaro Amarelo”, que ganhou praticamente uma campanha publicitária através de uma dupla sertaneja, sonho de consumo de muitos, na versão SS (considerada no Brasil a versão TOP) custa a barbadinha de R$ 203.000,00. Sim, é isso mesmo que você está vendo! 


A imagem acima pode ser encontrada no site da Chevrolet, através deste link, clique aqui.



Agora vamos ver no seu país de origem? Então toma: A versão ZL1 com 580 cavalos de potência lá nos EUA custa US$ 54.350,00 (o equivalente a R$110.000,00). Espere aí: quer dizer que pagamos praticamente o dobro por uma versão aqui no Brasil, que não chega aos pés da versão vendida praticamente pela metade do preço lá nos EUA?!? É, infelizmente, sim. Mas se acalme, eu só comecei...










Vamos fazer um comparativo entre utilitários, no mesmo formato que fiz com o Camaro. Preço no Brasil x preço nos EUA. Esse é de chorar: Pickup Dodge RAM 2500, ambas de mesmo modelo, no Brasil custa R$184.900,00. No seu país de origem, com um acabamento um pouco melhor “de brinde”, custa US$29.220,00 (o equivalente a R$60.000,00). Sim, apenas R$120.000,00 de diferença no preço! Ou seja, com o valor que pagamos por 1 unidade aqui no Brasil, compramos 3 lá! Tem coisa errada aí... Mas vamos baixar um pouco de nível.


No Brasil:


Nos Estados Unidos?



Vou fazer um comparativo de um carro um pouco mais comum e que é lançamento no nosso país, o Sonic da Chevrolet. Aqui nas terras brazucas na versão LTZ somado a um “motorzinho de dentista”, custa “a partir de” (isso quer dizer que uma série de itens, inclusive de segurança não constam neste valor) R$ 54.900,00


No seu país de origem, os EUA, US$14.785 (o equivalente a R$30.000,00.) Detalhe: completão e com motor turbo. 


Você deve estar pensando agora que “ISSO NÃO PODE SER REAL!!” É sim, e os dados que estou usando aqui são dos sites oficiais das montadoras brasileiras e norte americanas. Então por que tamanha diferença de preços? 


No Brasil:


Nos Estados Unidos:




Simples: some a ganância do governo brasileiro por impostos mais o cartel formado por ele e as montadoras nacionais para praticamente impedir a entrada de carros importados aqui, sobra o quê para comprarmos com o pouco dinheiro que nos sobra? Os famosos “carros populares”, que pra mim são versões modernas dos Fuscas da década de 60. 




Sim, porque são pelados ao ponto de não oferecem trava de direção e tapetes! Mas aí você provavelmente vai me justificar:  “Ah, mas eu tenho o sonho de ter um carro novo e o meu dinheiro só dá pra isso, portanto não vou deixar de comprar”. Pois é, e é por atitudes como essa é que continuamos andando mal servidos de automóveis montados de qualquer jeito, tamanha a demanda e pagamos um valor surreal por eles. Agora... quer ver o quanto vale o nosso querido Gol lá fora?





Este comparativo é o contrário dos anteriores. Em primeiro, temos o Gol Power 1.6 completo vendido aqui no Brasil por R$ 41.880,00. Na imagem seguinte, temos o Gol GT (versão esportiva e relativamente mais cara) vendido no México por 192.703,00 pesos mexicanos, o que equivale a exatos R$ 29.968,13


Só que tem um detalhe: O país de origem do Gol é o Brasil, e o carro anunciado no site mexicano É BRASILEIRO. Sim, exportamos para lá também. E tirando o frete, o lucro da revenda e o imposto mexicano, vamos arrendondar que este carro sai daqui pelo custo de aproximadamente R$18.000,00. Sim, meu querido(a)! Ele sai daqui das nossas terras por aproximadamente 18 mil, enquanto pagamos por uma versão INFERIOR a esta ridículos 42 mil. Quer outro exemplo?


Vamos falar do combustível, que movimenta a nossa frota. A nossa gasolina, que mais parece um coquetel de derivados de petróleo e de péssima qualidade custa aqui em média R$ 3,10 o litro. Detalhe: é fabricada pela nossa “autossuficiente” Petrobrás, que exporta um combustível de qualidade beeeem superior aos hermanos argentinos por bem menos de R$2,00. Sim, o preço na bomba lá é de R$ 1,90 (preço final). 


Está na cara que há muito tempo somos TROUXAS. E alguns bem que tentam fazer algo a respeito, mas a desinformação é tamanha que nem isso se consegue fazer de forma efetiva. Tenho visto uma campanha para não abastecer em um determinado dia. Desculpe, mas assim não funciona. Quem depende de rodar para ganhar a vida não vai aderir a essa campanha, mesmo que sinta vontade. 


Há alguns anos aconteceram boicotes em outros países bem interessantes. Um deles inclusive viajou em forma de corrente por e-mail anos atrás, mas ninguém deu a devida atenção. Funciona assim: as pessoas simplesmente escolhem uma bandeira de posto para boicotar (BR, por exemplo) e não abastece mais nestes postos, mas não deixa de abastecer o seu veículo em outro posto. A falta de procura por este posto forçará a baixa de preço por parte deles, atraindo novamente os clientes por conta dos preços mais baixos e consequentemente forçando a concorrência a fazer o mesmo. Isso sim seria uma atitude EFETIVA. Eu mesmo já faço isso há anos. Mas e quanto aos carros, como tomar uma atitude efetiva também?



Gente, é tão simples quanto o combustível... Acho que qualquer um é merecedor de ter um carro legal, independente de modelo ou estilo, que seja aquele carro que você deseja. Mas comprar um carro zero hoje usando como desculpa a garantia? Essa é a maior enganação que as montadoras soltaram no mercado depois dos próprios carros. A minha mãe comprou um modelo básico zero que oferecia esta “garantia”. Mesmo assim pagou R$110,00 na concessionária por um barulhinho no banco traseiro, um claro defeito de montagem ou fabricação. Ao invés de comprar um modelo 2013, por que não comprar um modelo 2012 no mercado paralelo (que na maioria das vezes dão muito mais assistência que a própria concessionária) e deixar as fábricas chupando o dedo? 


Sim, qual o problema em pegar um carro com meros 10 mil quilômetros rodados? Eu tenho um com 185.000 nas costas e sou muito satisfeito com ele, mas enfim... Sei o quanto é bom o cheirinho de novo, e isso você certamente vai encontrar em um modelo do ano passado, fora a depreciação que ele sofre, o que torna ainda mais interessante comprá-lo. 


Já é bem batida a frase “o poder está em nossas mãos”. Mas não adianta só escolher o candidato e ir votar, tem que cobrar, boicotar, fazer o que for preciso para não sermos mais pisoteados da forma como estamos sendo. Temos como base um salário mínimo de R$ 678,00 enquanto os nossos “nobres” políticos recebem salários de R$ 120.000,00 por mês (salário + diárias + verba para o gabinete, etc) e alguns ainda reclamam que pretendem acabar com o 14º e 15º salários... (!!!) Como assim?!?


Abaixo seguem alguns links de vídeos que achei interessante sobre o assunto, recomendo assistir e se informar um pouco mais. Abraço a todos!



















Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical


O casamento perfeito entre som e imagem no cinema





Oi, galera! Hoje vou falar sobre alguns filmes e suas trilhas sonoras. Não sobre qualquer filme ou qualquer trilha sonora, mas quero mergulhar no "casamento" e proposta entre som e imagem. É claro que existem uma infinidade de filmes com esta receita, e muitos são clássicos. Mas vou comentar sobre filmes de temas e épocas diferentes e alguns que de clássicos não tem nada, mas tem uma ótima combinação de som e imagem. Vamos lá! 






Blues Brothers - Aqui no Brasil com o título traduzido "sessão da tardemente" para "Irmãos Cara de Pau". É um filme norte americano do ano de 1980 do gênero comédia musical, dirigido por John Landis. Estrela o filme a dupla John Belushi e Dan Aykroyd, famosos comediantes do programa de TV "Saturday Night Live" e que depois fariam carreira de sucesso no cinema. Nos quadros musicais muitas canções R&B e soul, interpretadas por grandes nomes: James Brown, Cab Calloway, Aretha Franklin, Ray Charles e John Lee Hooker. Adicionalmente apresenta a banda "The Blues Brothers", com performances musicais dos dois comediantes e que continuou a se apresentar após o filme, variando os membros e apesar da morte de John Belushi, dois anos depois do lançamento nos cinemas. 




"Joliet Jake" Blues sai da prisão em liberdade condicional e fica sob a custódia de seu irmão Elwood. Ele cumprira dois anos de uma sentença de cinco por roubo a mão armada. Jake e Elwood são cheios de estilo, vestem roupas e chapéus pretos, além dos imprescindíveis óculos escuros. Elwood aparece na porta da prisão para pegar o irmão, dirigindo um velho e deteriorado carro da polícia, um Dodge Monaco de 1974 que eles chamam Bluesmóvel, com motor V-8. Jake não sabe que o carro foi modificado, mas quando os irmãos são perseguidos pela polícia, Elwood mostra toda a verdadeira potência do motor.Elwood convence Jake a visitarem o orfanato cristão em que eles cresceram. Depois de uma "conversa" com a diretora do orfanato, a simpática Irmã Mary Stigmata (apelidada de "O Pinguim"), eles ficam sabendo da situação financeira difícil da instituição que deve uma grande quantia em impostos (na realidade, as igrejas de Illinois são isentas, o que causou algumas reações contra a cena). A religiosa recusa energicamente (distribuindo pancadas) dinheiro roubado oferecido pelos irmãos. Mais tarde, ao irem a uma igreja evangélica do amigo Curtis, Jake tem uma epifania: os irmãos irão conseguir fundos honestos para o orfanato, através da apresentação da sua lendária banda de rhythm & blues. Sem demora os irmãos começam a ir atrás dos antigos membros da banda. Mas no seu caminho encontrarão muitos percalços: perseguições da polícia, brigas com neo-nazistas e a fúria de uma ex-namorada de Jake, uma mulher misteriosa armada até os dentes. Uma curiosidade: Ao aceitar fazer o filme para a Universal Pictures, Aykroyd resolveu escrever o roteiro cinematográfico, algo que ele nunca tentara antes. Em resumo, quem assistir vai notar que é uma mega produção para época em que foi concebido, considerando a logística e qualidade musical do conjunto de trilhas sonoras e artistas envolvidos. Para os amantes da Soul Music e R&B, é praticamente um livro de cabeceira. 



Music and Lyrics - No Brasil traduzido para "Letra e Música" é uma divertida comédia romântica de 2007, bem ao estilo que as mulheres gostam. Só que recomendo os amantes e profissionais da música assistirem também, porquê mostra de uma forma nunca explorada antes como nasce uma composição musical de sucesso, com todos os bastidores. Alex Fletcher (Hugh Grant) é um pop star dos anos 80 que caiu no esquecimento e cuja carreira agora se limita a trabalhos no circuito de nostalgia do país, com apresentações em feiras do interior e parques de diversão. O carismático e talentoso músico tem uma chance de um retorno triunfal quando a diva do pop, Cora Corman, o convida para escrever novas músicas e gravar em dupla com ela mesma. Mas existe um problema. Alex não escreve uma canção há anos... Na verdade, ele nunca escreveu uma única! E agora ele tem que produzir um hit instantâneo em poucos dias! É aí que entra em cena Sophie Fisher (Drew Barrymore), uma bela garota cujo talento para as palavras cai como uma luva para suas necessidades. Ainda na ressaca do fim do relacionamento com o famoso novelista Sloan Cates (Campbell Scott), Sophie reluta em colaborar com qualquer pessoa, especialmente o conquistador Alex, nitidamente avesso a compromissos. À medida que a química entre os dois vai melhorando, na música e fora dela também, Alex e Sophie terão que encarar seus próprios medos para encontrar o amor verdadeiro e o sucesso que ambos merecem. 


Uma curiosidade: As vozes das músicas no filme são dos atores mesmo, que tiveram que enfrentar meses de aulas vocais para aprenderem a cantar a trilha sonora que achei fantástica. Desde a produção da parte que se refere aos anos 80, que se nota influências bem claras nas músicas até mesmo a parte de produção atual. A música principal do filme "Way back into love" foi posteriormente regravada pela banda brasileira Yahoo em parceria com a cantora Olívia Heringer e virou tema de uma novela das 21hs. 



Across the Universe - É uma produção norte americana também de 2007 dirigida por Julie Taymor, de Frida. O filme retrata os anos 1960, com suas lutas, guerras e paixões, ambientando toda uma época através da obra dos Beatles. O elenco tem jovens talentos que interpretam e cantam, como o do inglês Jim Sturgess, a americana Evan Rachel Wood e o também inglês Joe Anderson. O filme também conta com algumas participações especiais de Bono do U2 e Joe Cocker, Salma Hayek. O filme começa em Liverpool, de onde o inglês Jude (Jim Sturgess) decide partir para os EUA em busca de seu pai. Lá ele conhece Max (Joe Anderson), um estudante rebelde. Torna-se seu amigo e se apaixona por sua irmã (Evan Rachel Wood). Esta por sua vez, acaba envolvendo com emergentes movimentos de contra-cultura, da psicodelia aos protestos contra a Guerra do Vietnã. Em meio às turbulências da época, Jude e Lucy vão passar por situações que colocam sua paixão em choque. É muito difícil expressar em palavras a qualidade sonora do filme, porquê as novas roupagens nas músicas foram de muito bom gosto, combinando com o os momentos do filme. Mas seguem algumas curiosidades, para que vocês percebam a riqueza do trabalho: 


Salma Hayek , que já trabalhou com a diretora Julie Taymor em Frida (2002), pediu para participar do filme, mesmo que fosse em um papel pequeno. 


Os nomes de todos os personagens - assim como o título do filme - foram retirados de canções dos Beatles. 


Jojo é uma referência a Jimi Hendrix, enquanto que Sadie é uma referência a Janis Joplin. 


90% das canções foram gravadas ao vivo nos sets de filmagens, sem qualquer dublagem feita em estúdio durante a pós-produção. 


A cena em que Evan Rachel Wood canta "If I Fell" foi gravada logo em sua 1ª tentativa. 


Versões preliminares do roteiro previam a presença de um carcereiro chamado Sgt. Pepper, que seria seguido pela Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band. O personagem foi descartado na versão final do roteiro. 


A cena do ônibus de Dr. Robert foi considerada uma das mais bizarras da atualidade, perdendo apenas para o final de 2001 uma odisseia no espaço. 


Durante a canção "With a Little Help From My Friends" pode ser visto um grande pôster da atriz Brigitte Bardot. Trata-se de uma referência à conhecida obsessão que John Lennon tinha pela atriz. 


Em determinado momento, em Nova Iorque, aparece os prédios do World Trade Center. Acontece que o prédio foi construído numa época posterior do desenrolar da trama, durante a década de 70, e foi derrubado 6 anos antes do estrear do filme. 


Como eu disse antes, existem uma infinidade de filmes com boa química entre trilha sonora e imagem, mas relatei aqui apenas 3 sugestões que conheço bem, tenho na minha videoteca e já ví inúmeras vezes, para que o artigo não se torne cansativo também, hehe! Bom, agora é só passar na locadora, fazer aquela pipoquinha e curtir. Boa diversão! 




Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical




Na linha do Carnaval, o velho e bom samba



Oi galera! Hoje a coluna está em ritmo de carnaval e, consequentemente do samba. Confesso não ser fã das dissidências dele como o pagode, mas admiro o samba de raíz de Gonzaguinha e os chorinhos de Adoniran e Demônios da Garoa. Mas desde a sua popularização no país, o samba sofreu uma "metarmofose ambulante" e dele nasceram outros estilos de samba. Conheça agora a sua história e os estilos mais variados, com esta matéria publicada no site da Revista SuperInteressante.



Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical


Trem do Samba

Conheça os principais estilos e a história do samba



Nos anos 1960, o “Trem das Onze” do paulista Adoniran Barbosa ganhou o carnaval carioca, colocou São Paulo nos trilhos do samba nacional e ajudou a popularizar ainda mais o gênero musical que hoje é símbolo do Brasil. Adoniran morreu há 30 anos, em 23 de novembro de 1982, mas sua obra inspirou o nosso próprio trem, que conta a história do samba e relembra os principais artistas que marcaram o estilo.



Quem não gosta de samba... finalmente vai entender o que é samba de raiz, samba-maxixe, samba-canção e de onde veio o pagode. Se perder este trem... aí não vai saber mesmo.







1917 - O PRIMEIRO SAMBA


"Pelo telefone" foi o primeiro samba gravado no Brasil. A música teria sido composta coletivamente na casa da Tia Ciata, mas os créditos ficaram apenas com Donga e o jornalista Mauro de Almeida. As festas da Tia Ciata foram um dos lugares em que a primeira geração de sambistas criou "oficialmente" o estilo - ainda influenciado por ritmos europeus, como o maxixe.

Pelo Telefone Chico Buarque, Donga, Pixinguinha e Hebe



1928 - PRIMEIRA ESCOLA DE SAMBA DA HISTÓRIA

A "Deixa Falar" é considerada a primeira escola de samba da história. Ela foi fundada, em 1928, por sambistas como Ismael Silva, Bide, Oswaldo da Papoula e Brancura e deu origem à "Estácio de Sá". Seus integrantes são considerados pais do formato clássico do samba - com ritmo mais dançante (menos influenciado pelo maxixe) e introdução do uso de cuíca, surdo e tamborim no ritmo.

Ensaio Ismael Silva



1958 - BOSSA NOVA


A gravação de João Gilberto para “Chega de saudade” revolucionou a MPB e inaugurou a Bossa Nova. O músico já tinha tocado violão na gravação que Elizeth Cardoso fez da canção, mas foi sua versão que influenciou 10 em cada 10 músicos da MPB (De Roberto Carlos a Caetano Veloso, passando por Tim Maia e Gal Costa).



Enquanto Tom e Vinicius definiram a harmonia da bossa (mistura de jazz e samba), foi João Gilberto quem popularizou o jeito sussurrante de cantar e quem criou a batida revolucionária de violão.




João Gilberto - Chega De Saudade - São Paulo - 1994




1963 - ZICARTOLA

Zicartola foi o nome do restaurante do sambista Cartola e sua mulher Dona Zica. Esse foi um dos polos de redescobrimento do "sambado do morro" e também o lugar onde Paulinho da Viola foi revelado.


Onde a Dor Não Tem Razão - Elton Medeiros - Sr. Brasil 01/09/2011



1969 - PARTIDO ALTO


O primeiro disco de Martinho da Vila (puxado pelo hit “Casa de bamba”) popularizou um estilo antigo de samba conhecido como Partido Alto.






Martinho da Vila - Casa de Bamba





1980 - CACIQUE DE RAMOS


“Samba é no Fundo de Quintal”, disco de 1980, lançou o grupo Fundo de Quintal – oriundo do bloco Cacique de Ramos, do Rio de Janeiro – precursor do pagode.

O grupo introduziu novos instrumentos ao cenário do samba como: o repique de mão criado pelo músico Ubirany, o tantã (criado pelo músico e compositor Sereno), e o banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto).

Fundo de Quintal - A Amizade


1997 - PAGODE ROMÂNTICO

O grupo mineiro Só Pra Contrariar vendeu 3 milhões de cópias do seu disco homônimo, tornando-o um dos mais vendidos do Brasil. É o auge do “pagode romântico”.

Alexandre Pires - Depois do prazer





2003 - SAMBARAP



Marcelo D2 popularizou a mistura de hip hop com samba em seu segundo disco “À Procura da Batida Perfeita”. Em 2010, o carioca gravou um disco inteiro em homenagem ao sambista Bezerra da Silva.




Marcelo D2 - A Maldição do Samba


Fonte: Super Interessante


















The Wall

Oi galera! Este final de semana decidi assistir pela “enésima” vez o DVD do show “The Wall – Live in Berlin” de Roger Waters e convidados. Gosto muito do Pink Floyd, pois “The dark side of the moon” foi um dos meus primeiros discos, uma obra prima muito a frente de seu tempo. Porém, o que Waters fez para realizar este show em carreira solo foi algo tão grandioso quanto o próprio show. Para entender melhor, vamos ter que relembrar algumas aulas de história para que o contexto do show faça sentido. Vamos lá: 






A segunda guerra mundial resultou na morte de quase dez milhões de soldados e civis alemães; grandes perdas territoriais, a expulsão de cerca de 15 milhões de alemães dos antigos territórios orientais e de outros países e a destruição de várias grandes cidades. O restante do território nacional e Berlim foram divididos com a ocupação militar dos Aliados em quatro zonas. Os setores controlados pela França, pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos foram fundidos em 23 de Maio de 1949 para formar a República Federal da Alemanha (RFA); em 7 de Outubro de 1949, a Zona Soviética criou a República Democrática da Alemanha (RDA). 






Eles foram informalmente conhecidos como "Alemanha Ocidental" e "Alemanha Oriental", e as duas partes de Berlim como "Berlim Ocidental" e "Berlim Oriental". As partes oriental e ocidental optaram por Berlim Oriental e Bonn como suas respetivas capitais. No entanto, a Alemanha Ocidental declarou que o status de Bonn como sua capital era provisório, a fim de enfatizar a sua convicção de que a instituição de dois Estados alemães distintos foi uma solução artificial status quo que seria necessário superar. A economia planificada pró-soviética foi criada, e mais tarde a RDA passou a ser um estado do Comecon. Apesar da propaganda da Alemanha Oriental ter sido baseada nos benefícios dos programas sociais da RDA e na alegada ameaça constante de uma invasão por parte da Alemanha Ocidental, muitos dos seus cidadãos olhavam para o Ocidente em busca de liberdade política e de prosperidade econômica. 



O Muro de Berlim, construído em 1961 para impedir a fuga dos alemães do leste para a Alemanha Ocidental, tornou-se um símbolo da Guerra Fria. Em face de uma crescente migração de alemães do leste para a Alemanha Ocidental através da Hungria e de manifestações em massa durante o verão de 1989, as autoridades do Leste alemão inesperadamente facilitaram as restrições nas fronteiras em novembro, permitindo que cidadãos do leste alemão pudessem viajar para o ocidente. Originalmente concebida como uma válvula de pressão para manter a Alemanha Oriental como um Estado, a abertura da fronteira na realidade levou a uma aceleração do processo de reforma na Alemanha Oriental, que finalmente foi concluído com o Tratado Dois Mais Quatro um ano mais tarde, em 12 de setembro de 1990, resultando na reunificação alemã, ocorrida em 3 de Outubro de 1990. Segundo os termos do tratado, as quatro potências ocupantes renunciavam aos seus direitos sob o Instrumento da Renúncia, e a Alemanha recuperava a plena soberania do seu território. E com isso, chegava o fim do muro da discórdia. O povo em massa das duas alemanhas resolveu colocar o muro abaixo e as autoridades nada fizeram, pois era gente demais e também não havia mais interesse em alí mantê-lo. 




The Wall é o décimo primeiro álbum de estúdio da banda inglesa de rock progressivo Pink Floyd. Lançado como álbum duplo em 30 de Novembro de 1979. Seguindo a tendência dos últimos três álbuns de estúdio da banda, The Wall é um álbum conceitual, tratando de temas como abandono e isolamento pessoal. Foi concebido, inicialmente, durante a turnê In the Flesh, em 1977, quando a frustração do baixista e letrista Roger Waters para com seus espectadores tornou-se tão aguda que ele se imaginou construindo um muro entre o palco e o público. The Wall é uma ópera rock centrada em Pink, um personagem fictício baseado em Waters. 


As experiências de vida de Pink começam com a perda de seu pai durante a Segunda Guerra Mundial, e continuam com a ridicularização e o abuso de seus professores, com sua mãe superprotetora e, finalmente, com o fim de seu casamento. Tudo isso contribui para uma auto-imposta isolação da sociedade, representada por uma parede metafórica. O álbum contém um estilo mais duro e teatral do que os lançamentos anteriores do Pink Floyd. O tecladista Richard William Wright deixou a banda durante a produção do álbum, continuando no processo como um músico pago, apresentando-se com o grupo na turnê The Wall. Comercialmente bem-sucedido desde o seu lançamento, o álbum foi um dos mais vendidos de 1980, vendendo mais de 11.5 milhões de unidades nos Estados Unidos, atingindo a primeira posição da Billboard. A revista Rolling Stone listou The Wall na 87ª posição em sua lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos. 


Agora imagine o seguinte: O álbum foi criado muito antes do fim da divisão das Alemanhas. Roger Waters já planejava fazer um show que retratasse o álbum e o filme The Wall de forma grandiosa e pensou até em lugares como o deserto do Saara, em forma de protesto. Mas em 1989 aconteceu algo na história que nunca teria feito tanto sentido ao conteúdo do álbum como naquele momento: O fim da divisão das Alemanhas e consequentemente o fim do Muro de Berlin. Foi montada uma rede de logística sem precedentes para que o show acontecesse. O concerto foi encenado em um terreno baldio entre a praça Potsdamer Platz e o Portão de Brandemburgo , um local que fazia parte da antiga "terra de ninguém" do Muro de Berlim. O local teve que ser cuidadosamente vistoriado por autoridades locais e especialistas em explosivos, pois a possibilidade de serem encontradas granadas e minas terrestres era grande, o que realmente aconteceu. A infraestrutura elétrica montada para o palco era suficiente para alimentar uma cidade de 300.000 habitantes. O projeto contou com um palco de 550 metros de comprimento e 82 metros de altura do muro construído nas laterais (e que durante o show atravessava o palco de uma ponta a outra). Foi contratada uma banda marcial soviética para a execução ao vivo de uma das músicas pela “bagatela” de US$50.000 de propina aos soldados, ainda situados na então Alemanha Oriental e completamente esquecidos pelos seus superiores. 


O que eles não sabiam era que o contexto do show indiretamente acabaria por ridiculariza-los. Orquestra e corais regidos pelo renomado maestro Michael Kamen (que veio a reger diversos shows de rock posteriormente) e uma lista enorme de convidados como Scorpions que abre o show com “In the flesh” em uma performance de arrepiar) ,Cindy Lauper (perfeita em “The Wall part 2”), Van Morrison (em dueto com Roger Waters em “Confortable Numb”), Bryan Adams (destaque para “Young Lust”) entre tantos outros. 


É muito difícil descrever o show em palavras, pois a combinação da ordem de execução das músicas, esquetes teatrais misturadas a algumas canções, imagens do muro de Berlin e do filme “The wall” exibidos no muro cenográfico, orquestra, banda marcial e figurantes acabam tendo um significado muito óbvio considerando o local, data do show e a forma como Waters aborda o facismo, fazendo uma clara alusão a Hitler e o Terceiro Reich. Passa uma sensação densa, não tem como não se sentir no show. Jipes, caminhões militares, ambulância e batedores invadem o palco durante todo o show, além da equipe de pessoas vestidas de preto que vão colocando os tijolos gigantes no muro fechando ele ao longo do show, de modo em que em um momento do show, antes e durante a execução de “The Trial” a banda toca atrás do muro, sem que a plateia possa vê-los. No final de “The Trial”, logo após a encenação dos atores que recriam a cena do filme nesta canção o muro vai abaixo, com a ajuda de dois guindastes enormes. Após a queda do muro cenográfico, o show encerra com “The tide is turning”, música linda e completamente a ver com o momento. 


Lembro que quando eu era adolescente eu acompanhei o lançamento do show em VHS e cheguei a assistir. Lembro também de um detalhe em particular, onde no final de “The wall part 2” entra o ator Thomas Dolby (representando o professor) tocando um teclado muito raro aqui no Brasil até então chamado Casio AZ-1. Era branco, tinha a característica de uma guitarra e se tocava ele pendurado ao corpo, como uma guitarra. Era o início de mais uma moda no mundo da música e eu recordo que fiquei alucinado com aquilo e não descansei enquanto não comprei um. Mas confesso que depois que comprei o DVD, isso há 6 anos atrás, resolvi prestar mais a atenção na obra como um todo. E aliada ao áudio em 5.1 e um bom home theater, torna-se uma exibição inesquecível e única. No DVD tem os extras, que contam boa parte do que escrevi aqui, recomendo MESMO. Garanto que mesmo os puristas que não gostam do Rogers Waters e ainda preferem a época do Sid Barret nos vocais irão dar “a mão a palmatória” para a grandiosidade do show, considerando principalmente a época em que ele foi concebido, 23 anos atrás. 



Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical




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Fontes:
Extras do DVD Roger Waters – The Wall live in Berlin 
Winkipédia




NÓS SOMOS OS CULPADOS














Oi gente. Hoje quero e sinto a necessidade de falar sobre a tragédia ocorrida em Santa Maria/RS, na madrugada deste domingo, dia 27 de Janeiro. Antes de mais nada, não pretendo me utilizar de sensacionalismo no que irei escrever. Neste momento você deve estar se perguntando: “Ok, estamos todos sensibilizados com a situação mas.... O que isso tem a ver com cultura?!?” Eu vos respondo: TUDO. 


E vou falar algo que há muito tempo está entalado na minha garganta e acredito que na de muitas pessoas que trabalham no meio cultural ou não, e sentem o mesmo que eu. No meu ponto de vista, a explicação para isso tudo ter acontecido é uma trama bastante complexa, mas para alguns até óbvia de certa forma e sim, tem tudo a ver com cultura. Vamos aos fatos apurados até então. 


As principais causas da tragédia até agora apontadas são o uso indoor de artefatos pirotécnicos e a falta de comunicação entre funcionários e seguranças da boate a ponto de bloquearem a saída das pessoas do local por falta de pagamento das comandas. Mas isso já seria o final do meu artigo, pois o que aconteceu depois todos já sabem. Quero voltar no tempo bem antes disso. Há pouco tempo eu escrevi um artigo sobre a banalização da cultura, mas ainda acho que abordei o assunto de forma superficial. Agora quero pegar pesado mesmo. E vou começar afirmando o seguinte: Nós somos os culpados. Sim, todos nós. Vou explicar porquê penso isso: 



Penso que o nosso poder de decisões inteligentes a respeito dos interesses comuns foi demonstrado pela última vez no país com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo. Sim, os jovens nas ruas e em massa com os rostos pintados de luto pelo país fizeram toda a diferença para que isso viesse a acontecer. Lembro de ter uma sentimento de esperança muito motivador na época mas que aos poucos foi se desfazendo. A luta travada pelos nossos pais, parentes e até mesmo desconhecidos pela democracia desde a época da ditadura, onde muitos foram torturados e/ou morreram em um verdadeiro genocídio, lutando pelo o futuro coletivo com uma organização sem precedentes e com um detalhe muito importante: sem internet para divulgar, tudo isso acabou ali. A partir deste momento, outros “chefões” tomaram conta do nosso futuro e de lá até então estamos sendo cada vez mais omissos em relação a isso. Os jogos de interesses, a ganância, o pouco caso com o povo e principalmente a LAVAGEM CEREBRAL passaram a imperar. E é aí que entra a “trama complexa”.


Imaginem a soma de políticos corruptos e emissoras de TV. O resultado? O nosso presente, o que vivemos agora. As propinas não existem somente no meio político, infelizmente. Elas podem acontecer quando um político superfatura uma obra ou até mesmo quando uma pessoa comum tenta subornar um guarda por uma simples infração de trânsito. Ou seja, convivemos diariamente com as propinas, mesmo que indiretamente. E elas não precisam necessariamente ser dinheiro. É o famoso (e odioso para mim) jeitinho brasileiro de se resolver as coisas. São políticos que compram votos ou meios de comunicação para se elegerem ou mostrarem benfeitorias placebo feitas por eles para convencer o povo menos provido de cultura (a grande maioria dos habitantes, comprovadamente), canais de TV ou rádio que passam a mostrar “artistas” que pagaram o famoso jabá para serem exibidos ou tocados, desconsiderando o tipo e qualidade do trabalho apresentado a ponto de fazerem crianças de 3 anos cantem “tô ficando atoladinha” sem nem saber o que significa ainda, mas as perguntas aos pais ou até mesmo a desconhecidos vão surgir muito mais cedo do que deveriam. Imaginem o resultado disso ao longo dos anos?



Sabemos bem hoje. Se instaurou um sistema tão forte em torno dos modismos em geral que se torna muito difícil viver sem aderir a alguns deles. São smartphones, carros com preços absurdos que são comprados por pura ostentação, estilos musicais que obrigatoriamente tem que falar de promiscuidades e situações machistas e ridículas para terem alguma chance de sucesso, consumo de drogas desenfreado, se dar bem em algo de forma politicamente incorreta, e... festas abarrotadas de gente que em boa parte é movida por alguns (se não todos...) estes modismos e muitos outros que não citei. 


E pessoas que são movidas por isso são coniventes com o nosso presente. Elas votam e pronto, acham que fizeram a sua parte. Quando na verdade eu penso que cabe a nós mesmos além de votar, cobrar dos políticos e autoridades as coisas que não estão funcionando bem. Pode ser o buraco na rua, o hospital que não funciona, o valor absurdo que pagamos de impostos anualmente, dar valor ao que é realmente bom (falo de música, TV, cinema, teatro, etc...) enfim... Tudo o que deveria estar acontecendo ou funcionando dada a arrecadação que o nosso país tem. Se essa pessoa não dá atenção a isso e para piorar acha que festa superlotada é sinônimo de diversão garantida, acham mesmo que levaria em consideração o quesito segurança? Certamente isso fica lá no final da lista.
No mínimo agora você deve estar pensando que eu estou acusando as próprias vítimas pelo acontecido. Não, não penso assim. Escrevi antes que NÓS somos os culpados e agora vou explanar este pensamento para você me entender melhor.


Como músico desde muito cedo, eu vivi parte da minha vida dentro deste tipo de local por muitos lugares do nosso país. E na grande maioria (tipo uns 80%...) vê-se gambiarras em instalações elétricas, hidráulicas e estruturais que nem o MacGayver seria tão carudo. Já vi maçarocas de fios elétricos passando por cima de paredes ou forros, extintores vencidos (os mais comuns...), vazamentos de água em banheiros que faziam você se sentir no Titanic em pleno naufrágio... 


Trabalhei como músico em uma “conceituada” casa do ramo aqui da cidade mesmo, em que o ar condicionado em cima do palco pingava na mesa de som. Eu mesmo avisei os donos, mas não deram muita atenção. Até o dia em que a mesa parou de funcionar e o conserto custou caro, aí entenderam que havia alguma necessidade de resolver o problema. Agora imaginem se este equipamento entra em curto circuito dentro de um local com a fiação elétrica muito antiga, com fios podres, cheios de remendos, com teto, piso, balcões, decoração feitos em madeira? Este é só um exemplo de várias situações que vivenciei. 


Mas os mais coniventes são as autoridades que liberam alvarás de funcionamento para locais com uma estrutura como essa que citei como exemplo, que não fiscalizam após darem a permissão de funcionamento, que cobram isolamento acústico depois de muitos abaixo assinados dos vizinhos e daí por diante.


Mas porque mesmo assim as pessoas vão a esses locais? Alguns dizem que é por falta de opções, mas... Desculpem, isso não é uma opção. Isso é a mesma coisa que beber e depois dirigir. Você pode ser prudente e cuidadoso mesmo depois de ingerir bebida alcóolica e ainda achar que está esperto, mas um dia infelizmente acaba acontecendo o pior. E a grande maioria das pessoas que frequentam estes lugares fazem exatamente isso. Porque então se preocupar com a segurança do lugar? O que interessa mesmo é o modismo, afinal todos vão para lá, onde toca a música da hora...


No caso desta tragédia, aconteceu de uma vez só tudo isso que escrevi até então: a procura por diversão embutida ao modismo, a falta de experiência (e talvez de noção por não calcular os riscos) da pessoa que utilizou os artefatos pirotécnicos no palco, a falta de fiscalização dos donos do local, já que este tipo de artefato foi provavelmente posicionado no palco antes do acontecimento do show, falta de fiscalização e conivência das autoridades das mesmas com o local, já que não havia uma saída de emergência disponível (que é obrigatória), falta de treinamento e capacidade dos funcionários e seguranças do local para evacuar imediatamente o público sem nem pensar em valores que não fossem o das vidas em jogo ali, e a falta de preocupação dos donos do local com a segurança no todo. 



Ou seja, não estou julgando um culpado. Acho que aconteceu através da soma de muitos fatores que foram TODOS de alguma forma influenciados pela nossa perda de poder decisivo aos interesses comuns e consequentemente a falta de absorção de cultura sadia, comodismo e falta de iniciativa para tentar mudar tudo isso. E sabe por que eu penso assim? Porquê a geração anterior conseguiu mudar o país para muito melhor lutando contra o exército, polícia e outras autoridades, uma luta desigual. E sem muitos (ou quase nenhum) recursos, mas com muita organização e determinação. Hoje, a luta seria muito menos massacrante e com muito mais recursos (vide guerra civíl no Egito organizada pela internet...). Acho que as pessoas podiam perder menos tempo postando fotos sensacionalistas de corpos carbonizados, ao mesmo tempo mostrando os seus traços de doenças graves, e passar a postarem conteúdos que possam vir a somar culturalmente ou até mesmo sugerir formas de mudanças. Sempre é tempo de começar.


Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical

Nota HiperSocial:
Em respeito as famílias das vitimas e feridos, optamos em comum acordo entre colunista e direção, por não ilustrar este artigo. Desde já agradecemos a sua leitura!






A evolução e declínio da industria fonográfica 
















Olá galera! 



Lembro da sensação que senti quando comprei o meu primeiro disco de vinil aos 12 anos de idade. O cheiro, o som da agulha na primeira tocada, a capa enorme e com um grande conteúdo sobre a obra. É algo mágico e quem vivenciou esta época sabe do que estou falando. Naquela época o acesso a novas bandas ou artistas era muito restrito, pois não existiam a internet e muito menos a MP3, então o único jeito de se ter um acervo legal e variado de músicas era comprando o disco ou em último caso gravar em uma fita cassete o disco de um amigo. Para o público em geral pode não parecer, mas estes costumes movimentavam uma indústria bilionária.






Da década de 50 até o final dos 90 as gravadoras viviam basicamente da venda dos discos dos artistas. As que tinham no seu casting os artistas mais famosos vendiam mais discos nas lojas e faturavam muito. O artista, por sua vez, recebia também por disco vendido além dos shows e contratos estabelecidos com a gravadora. Era o famoso sonho americano da indústria fonográfica: O artista que estava começando levava o seu trabalho para a gravadora e, se fosse realmente bom ou se tivesse futuro, a gravadora "abraçava a causa" e dependendo do nível da gravadora, ela custeava as sessões de gravação nos melhores estúdios, pagava um valor considerável para ter o artista no seu casting e assumia todos os custos de publicidade e divulgação da carreira do artista (fotos, videoclipes, etc...).






As gravadoras lançavam os famosos EPs, discos de vinil pequenos com apenas 1 faixa de cada lado. Era uma forma de colher do público a aceitação do artista que alí estava gravado, uma espécie de termômetro. Conforme o resultado obtido com os EPs, a gravadora decidia o que investir e de que forma conduzir a carreira do artista. Naquela época, era possível um artista do momento estourar a marca de 1 milhão de cópias vendidas. Michael Jackson era experiente nisso, dentre outros. Vender 100.000 cópias era considerado uma marca não muito satisfatória para o mercado, quando hoje essa mesma marca é considerada sucesso absoluto, disco de ouro.







Durante a década de 80 surge o CD (ou Compact Disc). Este foi o primeiro formato digital no mercado da música a se popularizar. E aos poucos realmente isso aconteceu, de forma a aposentar o bom e velho vinil. Com sonoridade límpida e cristalina, mas com economia nas frequências baixas e altas (graves e agudos) ainda hoje divide opiniões. É comprovada a diferença na sonoridade entre o CD e o vinil. Por incrível que possa parecer, mesmo sendo gravado de forma analógica, o vinil oferece uma qualidade de áudio ainda superior ao CD e por isso ele não morreu totalmente, tanto que hoje está voltando a moda ouvir e colecionar.




Só que na metade da década de 90 surgiu a internet. Era uma novidade fantástica você poder entrar em um buscador e pesquisar sobre um artista ou banda, ver fotos, releases, ter acesso a letras em outras línguas, enfim, uma infinidade de novidades que a rede proporcionava. Só que com isso, logo em seguida se difundiu o formato de arquivo de computador que mudaria a industria fonográfica totalmente: o MP3. Basicamente é um formato digital de áudio gravado em um arquivo binário (formado por números 0 e 1) e comprimido (eliminando espaços em silencio na onda sonora) que reproduz música com uma qualidade satisfatória. É claro que este processo oferece perda de qualidade em várias faixas de frequência, mas o público leigo em geral não achou ruim. E isso logo se tornou uma febre, pois copiar uma música em mp3 se tornou muito mais fácil do que gravar em fitas cassete. Não era preciso gravar em tempo real, não precisava de um equipamento de som. Era só gravar em um CD ou até mesmo deixar arquivado no computador.






Essa portabilidade acabou faci-litando a criação de soluções incríveis, como o primeiro programa de computador P2P (ou Peer to Peer), o Napster. Ele possibilitava um usuário pesquisar em computadores de outros usuários que estivessem online por músicas, artistas e baixar os arquivos em mp3 que tanto sonhava em ter mas não achava mais o disco ou não tinha dinheiro para comprar. Este foi exatamente o início do declínio da indústria fonográfica A febre causada pelo programa de computador foi tamanha que motivou a banda Metallica a processar o seu criador, de forma a acabar com o programa e tirá-lo do ar. 





Só que já era muito tarde, porquê a idéia já tinha sido muito sugestiva. E assim na sequência surgiram outros programas similares como o Kazaa, Ares, Emule e uma infinidades de outros do mesmo tipo. Os usuários passaram a baixar diariamente desde os últimos sucessos até verdadeiras raridades antes impossíveis de se acessar. E adivinha? Com o preço final que custava um CD em uma loja de discos, se tornou muito óbvio abrir mão da qualidade do conjunto disco físico+capa+fotos e partir para a mp3. As vendas de discos despencaram e os números de vendas nunca mais foram os mesmos até hoje. O que mudou por trás de tudo isso? 




Bom, anteriormente o artista vivia o "sonho americano" de ser desco-berto ou enriquecer da noite para o dia através de sua obra. Hoje o sistema mudou completamente em função da inserção da mp3 e consequentemente, o elevado nível de pirataria de obras causado pelas facilidades digitais. O artista começa a carreira bancando tudo: as sessões de gravações, a arte e fotos do disco, site e divulgação do trabalho. Você deve estar se perguntando agora "onde entram as gravadoras?" A gravadora hoje em dia entra com a distribuição e venda das obras, porém com um número mais reduzido que antes, mesmo hoje contando com a ajuda dos DVDs de shows (que são igualmente pirateados...), o que explica o repasse de todos os custos serem repassados ao artista. Isso criou um outro mercado, o de investidores em carreiras. 

Hoje, para uma música tocar no rádio existe uma série de regras antes inexistentes no mercado. 
Primeiro: independente do estilo, o som deve ser comercial, de letra e melodia pegajosas e que sejam fáceis de se decorar (vide lelelês, tche tcherere tche tchês...). 
Segundo: é moda hoje a letra ser promíscua e falar de coisas que antes se falava entre 4 paredes ou no máximo para amigas ou amigos, e isso conta muitos pontos na aceitação. (?!?) 
Terceiro: mesmo com tudo isso, não pense que é só chegar com o seu disco na rádio e pedir para tocar. Hoje a maioria das rádios cobram o famoso "jabá" para rodar o seu som e com valores geralmente altos, suficientes para comprar um carro popular zero kilômetro. Isso somado ao custo de prensagem de um disco independente, fotografia, arte e divulgação torna-se impossível ao artista bancar, abrindo espaço para investidores. Estes injetam o dinheiro necessário para a carreira do músico ou banda despontar e depois colher os frutos com o lucro obtido. 


O problema é que todo este sistema de hoje esqueceu do que deveria ser a maior de todas as regras: a boa música. Ainda existe, mas é uma raça em extinção na mídia. No meu artigo anterior eu falei sobre a banalização da cultura, e tudo isso que estou falando aqui tem totalmente a ver com a falta de cultura das pessoas. O povo tem o poder de mandar no mercado, escolher o que quer ouvir, mas infelizmente não sabe fazer uso disso, como acontece em outros países mais desenvolvidos. É muito triste eu produzir um trabalho de alta qualidade de um artista sabendo que não terá a mesma atenção da mídia quanto uma música bem apelativa, mas infelizmente é o que acontece diariamente. Eu acredito que para este mercado mudar novamente é preciso investir muito em educação de verdade, para que o nível cultural aos pouco se eleve e a demanda por boa música volte a imperar. Mas isso vai demorar, ah se vai... 


Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical






“Em tempos de BBB, quem precisa de cultura?” 















Olá galera!
Hoje vou falar sobre um tema um tanto batido até, mas que é intermitente e me incomoda muito: a banalização da cultura. Pode não parecer, mas ela cria uma reação em cadeia que afeta diretamente o cérebro da maioria dos brasileiros e o bolso de todos. 





Vamos a explanação: 



Sabemos que o mundo (e não diferente disso o Brasil) gira em torno dos modismos. Eles podem ser em inúmeros setores: moda, música, tv, linguagem, etc. Particularmente não tenho nada contra alguns modismos, desde que os usemos a nosso favor. Mas tem alguns que não nos completam em nada, não nos adicionam em nada e só nos diminuem culturalmente. 




Um exemplo de um bom modismo: o Facebook. Eu uso diariamente e confesso que tenho fases que fico viciado. Porém, sempre consegui tirar um bom proveito da rede. Consegui bons contatos profissionais, divulguei trabalhos, peguei novos trabalhos através dele e, como todos fiz novas amizades, encontrei as velhas amizades e interajo com todos diariamente. É um modismo quase que obrigatório hoje em dia. Alguns tiram proveito dele, outros usam de forma mais superficial. É interessante ver tipos diferentes de perfil utilizando a rede social: os adolescentes, que geralmente usam para se comunicar e mostrar como pensam, os falsos cultos que adoram usar frases prontas de algum escritor clichê (nada contra quem faz isso, mas me baseio no histórico de postagens dos mesmos), os profissionais, que utilizam para divulgar produtos ou serviços, enfim... Acho de uma forma geral um modismo bem-vindo. 






Mas existem outros sem pé nem cabeça. Vamos ao título desta matéria, o programa de tv Big Brother Brasil: pra mim soa como um programa de tv altamente manipulado pelos seus diretores, cujo o objetivo é conquistar o público com estereótipos escolhidos a dedo, incitar muita intriga para gerar o máximo de confusão possível e aumentar o ibope. Resumo: Não adiciona nada em termos de cultura. Mas aí você poderá me perguntar: “Qual é o problema em assistir um programa que me proporciona um momento de entretenimento?” Nada contra o entretenimento, mesmo que não adicione grande coisa, desde que não tenha também como função fazer uma verdadeira lavagem cerebral nos mais desprovidos de cultura. E é o que um programa destes faz. Lança modismos na forma de se comportar, falar, ouvir música... e não adiciona nada em termos de cultura, só degrada. 






Na música chega a ser triste. Serei radical neste setor, pois há tempos não escuto algo que realmente valha a pena 3 minutos dos meus ouvidos. Não escapam nem as músicas regionalistas. Sou do tempo em que a música tradicionalista do nosso estado era “Os Serranos”, por exemplo. Hoje este tipo de música só tem espaço aos que realmente valorizam boa música e costumes da nossa terra, pois a maioria do que exportamos para além das fronteiras do nosso estado ao meu ver não tem nada da nossa música tradicionalista. Fizeram uma verdadeira mistura de ritmos somado a letras promíscuas vendendo uma imagem completamente distorcida do que é a nossa verdadeira música. E assim aconteceu no resto do país. No Rio de Janeiro chegam ao ponto de considerar o funk carioca um patrimônio, quando isso nem deveria ser chamado de funk, degradando o estilo musical criado pelo gênio James Brown. E me desculpem os simpatizantes do estilo, mas... O que ele oferece realmente? Uma batida eletrônica que qualquer um faz em casa no seu PC, letras ridículas, totalmente sem conteúdo e absurdamente bagaceiras... Aaaah, mas você gosta de dançar? Ok, deve ser lindo mesmo ver você se chacoalhando na velocidade 5... 



Outro estilo que foi dilacerado é o forró. Acreditem, acho linda a letra de “Esperando na Janela”. Prestem a atenção na letra combinada a melodia (coisa que a maioria das pessoas não faz, apenas se sacodem ao som da música...). Mas “Tche tche re re tche tche” fala sobre o que mesmo? Neste momento você deve estar pensando: “Porra, que cara chato! Deve ser conservador, metido a intelectual e insuportável!” Olha, sou um amante eterno do Rock’n’roll, mas a minha veia de produtor apareceu bem cedo sem eu nem saber ao certo. Pois consigo escutar AC/DC, Pop dos anos 80, Blues, Hardrock, Disco, Dance, Drum’n’bass, Hip Hop, Samba de raiz, Chorinho, enfim... Considero-me verdadeiramente eclético. O que não consigo tolerar são as músicas que não me passam nada, que são vazias. Letras que não tem o menor conteúdo cultural, crítico ou até mesmo divertido de uma forma sadia. Não, não faço parte de nenhuma religião caso você tenha pensado nisso também. Apenas admiro quem compõe uma música que consegue me chamar a atenção pela bela melodia ou pela letra que passa uma mensagem legal ou até mesmo conta uma história, independente do estilo. E estes infelizmente tem um espaço muito pequeno na mídia, pois dificilmente seguem algum modismo. 


A essa altura do texto você deve estar se perguntando: “Tá, e aquela história de afetar o meu bolso?!?” Bom, isso faz parte da reação em cadeia que a falta de cultura proporciona. Antes de explicar, quero frizar novamente: Não tenho nada contra ao entretenimento, mas sou completamente contra a tudo que é inútil e rouba totalmente a cena de boas obras literárias, musicais, teatrais, poéticas, etc. Não aceito Michel Teló, Gusttavo Lima e Cinquenta Tons de Cinza ocuparem completamente o espaço na mídia quando existem uma infinidade de obras que certamente são muito mais culturais e tão interessantes e esquecidas quanto essas. “Porra, não enrola e explica a história do bolso, seu mala!” Bem, isso é muito simples. Falta de cultura gera CEGUEIRA. 


Sim, a lavagem cerebral produzida pelo lixo que veicula na mídia ultima-mente é tamanha e tão massiva que é capaz de fazer uma pessoa cantar em público “Atoladinha”, com-prar obras piratas (até por que a capa de um disco e o conteúdo dela não interessa, né? O que vale é saber cantar e estar na moda...), votar em políticos corruptos MAIS DE UMA VEZ mesmo sendo comprovado o crime do mesmos. E quem paga a conta? Todos nós, infelizmente. Você que é graduado, cursou uma faculdade dificílima de Direito ou Medicina, por exemplo, não se sente um merda perante um jogador de futebol que não completou o primeiro grau escolar e ganha pelo menos 200 vezes mais que você? Pois é, mas saiba que para isso acontecer existem milhões de torcedores que vão aos clubes, pagam mensalidade para torcer (?!?) em nome de uma paixão. Nada contra quem curte futebol, mas fomentar uma indústria milionária que não vai te trazer 1 real sequer do seu investimento?!? 


A minha segunda paixão depois da música são os carros. E posso dizer que tenho algum conhecimento sobre o assunto. Você sabia que somos o ÚNICO país a produzir e consumir de forma massiva carros com motores 1.0? Neste momento você deve estar pensando: “Putz, agora o cara chupou boleta... O que isso tem a ver com cultura?!?” Bom, se o seu sonho de consumo é um Camaro Amarelo que custa aqui no Brasil a bagatela de R$180.000,00 enquanto nos EUA (país de origem do Camaro) o top de linha custa apenas US$22.000,00 , ou seja, em torno de R$45.000,00 e não se importa com o valor, realmente este tema não tem conexão com o texto... Mas convenhamos, você não se indigna em saber que tirando algo em torno de R$10.000,00 por conta do frete o resto são encargos gerados pelo governo? Sim, o governo eleito em parte por aquele carinha ou patizinha que acha “Ai se eu te pego” o ápice cultural... 


Na boa, você senta a bunda no seu “dragster” 1.0 e se sente num carrão? Veja bem, não tenho nada contra quem tem um carro destes, sou contra a cultura de consumismo que o povo daqui tem a ponto de aceitar pagar R$25.000,00 em um carro que não oferece airbags e ABS (itens de segurança obrigatórios em qualquer país de primeiro mundo) e o mais incrível: tapetes e trava de direção como opcionais!!! Na boa, sabe por quanto sai custando este mesmo carro da linha de produção sem qualquer encargo? Tá sentado? Então, como dizem, #chupa: R$7.000,00. E muitos acham bacana pagar os R$25.000,00 em 60 prestações com um juros abusivo que a justiça faz que não vê, a ponto de abarrotarem as ruas de carros, elevando absurdamente os números de acidentes, roubos de veículos (sim, porque qualquer Zé Mané tem capacidade de roubar um Uno) e recalls por conta de uma demanda desenfreada e uma fabricação porca... 


Sabem o que acho ser a ÚNICA solução para o nosso país mudar para uma situação que seja muito melhor para todos em todos os sentidos? CULTURA. Essa é a chave para todos os problemas. Mas se você se considera uma pessoa culta, use-a de forma inteligente: Nos tempos de hoje, pessoas cultas são uma ameaça direta aos governos. E vou encerrar a matéria lançando uma pequena charada: Sabem qual um dos meus filmes preferidos?
“Teoria da conspiração”.




Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical








A HISTÓRIA DO ROCK’N’ROLL 




Olá galera!



Hoje vou falar sobre música e sobre a história do Rock’n’Roll. Sabemos que a música que faz sucesso hoje mudou demais ao longo das décadas. E a explicação para isso é um tanto complexa e divide opiniões. Vou explicar a seguir o meu ponto de vista sobre o tema baseado em uma vasta e longa pesquisa sobre o tema que desenvolvi, quando decidi produzir o trabalho da minha banda, a Johnny’s Joy. O estilo da banda é pop mas com fortes influências dos anos 60, então achei que seria necessário “começar do princípio”. O conteúdo deste texto não foi compilado de nenhum outro texto, é o resultado de minhas pesquisas. 






Até a década de 50 fazia sucesso quem realmente era bom, independente do estilo. Cada um nos seus nichos: Nos EUA o Blues, Jazz, Country, no Brasil a MPB explodia com Chiquinha Gonzaga e tantos outros de sua época, mudando completamente a visão sobre música e músicos ou musicistas (o que era inaceitável para a época) e as eternas músicas tradicionalistas de cada região do mundo, um caso a parte. 





No final da década de 50 virando para os 60 o mundo da música sofreu uma reviravolta com o surgimento do bom e velho Rock´n´roll. Pra mim particularmente é a época mais interessante da história da música, pois a reviravolta foi tão intensa que mudou tudo: Música, costumes, cultura e até mesmo a política da época. A música não era direcionada ao público jovem antes da avalanche do Rock’n’roll. A pouca diversão que existia relacionada a música eram os bailes com baladas românticas e jazz como trilha sonora, além de um comportamento completamente regrado e limado de qualquer atitude rebelde. 






Eis que surge o Rock pelas sagradas mãos e vozes de Chuck Berry e Elvis Presley. Os jovens da época esperavam algo que não sabiam exatamente o que era e estes caras e mais uma série de “vagões” que essa locomotiva puxava mostraram de uma forma avassaladora esta mudança. Bailes passaram a se tornar shows (algo inusitado para época) e geravam uma sensação de liberdade aos jovens que ali estavam. Surgiram danças como o Twist, e a moda se transformou também. O jeans antes usado apenas pelos fazendeiros passou a ser peça fundamental no guarda roupas de um rapaz. A brilhantina e tantos outros acessórios surgiram também. 





Essa mudança e a sensação de liberdade começaram a se fundir com a atitude, ato inexistente até então na cultura dos jovens. Em shows de rock’n’roll cadeiras eram arredadas para dar espaço as danças (quando não voavam pelo salão...). Essa atitude passou a se expandir para além dos shows, passou a fazer parte do cotidiano dos jovens na forma de se vestir e de se comportar. Isso assustou o governo Norte Americano. Muito. 





E aos poucos começaram a “comer pelas beiradas” e tirar de cena os ídolos que estavam explodindo até então: Elvis foi convocado a servir o exército e ir para a Alemanha até então dividida. 



Chuck Berry foi preso ao cruzar uma fronteira de um estado para o outro acompanhado de duas garotas. O governo alegou que um homem negro não poderia fazer tal coisa. 


Jerry Lee Lewis, o pianista e cantor da famosa “Great balls off fire” foi crucificado pela mídia em nome dos bons costumes da época por se casar com a sua prima de 13 anos de idade. E o restante resolveu tirar o time de campo com medo das represálias. 


Neste momento entra em cena a música Gospel, oriunda das igrejas frequentadas por negros trazendo uma sonoridade embalada, porém com letras que não incitavam a rebeldia, falando apenas sobre Deus, Jesus e a religião. 


Só que o governo dos Estados Unidos não contava com a repercussão que o rock causou. Na Inglaterra estavam surgindo de forma muito rápida e criando uma verdadeira legião de fãs uma banda de Liverpool, que até então tocava apenas nos pubs subterrâneos da cidade: Os Beatles. No meu ponto de vista, estes foram os caras que salvaram o rock, juntamente com os Rolling Stones,estes que tocava um rock muito influenciado pelos americanos. E foi inevitável a visita deles ao continente Norte Americano. Por serem estrangeiros, o governo nada podia fazer contra e os jovens lotaram os shows novamente. Isso trouxe mais segurança para quem era do país e aos poucos a situação foi fugindo ao controle do governo, tornando a década de 60 uma das mais divertidas no mundo da música. A boa música surgia com facilidade e o que não era bom logo sumia da mesma forma que aparecia. 


No final da década de 60, em meados de 67 e 68 surge o movimento psicodélico, movido pelas mais diversas drogas, muitas cores na moda e uma atitude anti governamental e anti guerra regada a muito “paz e amor”, os hippies. Com eles surgia uma nova leva de artistas envolvidos com o movimento, como Jimmy Hendrix, Janis Joplin e tantos outros. Este foi o momento em que o rock passou de um simples “twist” para algo mais ácido e que instigava sentimentos até então novos para época. O movimento tomou tamanha proporção que ganhou um festival temático, o Woodstock. 


O mercado fonográfico já não mandava mais no mercado como antes, pois o movimento psicodélico praticamente consumia tudo o q produzia. Entra então a década de 70. Surgem as dissidências do rock, como o Heavy Metal e paralelamente o funk de James Brown em alta. Desde o movimento psicodélico, o rock deixou de ser apenas um estilo musical e passou a ser um estilo de vida. Agora com novas ramificações e públicos específicos para cada dicidência. 


Durante a década, surge um instrumento que por algum tempo seria o maior inimigo do rock: O sintetizador, ou o teclado eletrônico. Aproveitando a descoberta, a música sofre mais uma vez uma reviravolta com o surgimento da Disco Music, uma mistura da Black Music com algo que logo em seguida na década seguinte ficaria conhecido como POP. O estilo tomou conta das discotecas, da moda e também das atitudes dos jovens novamente. Mudou o estilo de se vestir com as calças boca de sino, camisas de gola V, acessórios de prata ou ouro e existia uma preocupação maior com a coreografia que seria feita em qualquer festa ou boate. 


Entram os anos 80 e o tal inimigo do rock (o sintetizador) rouba a cena, fortalecido pelo surgimento da MTV, um canal de TV específico sobre música. Começam a surgir as “bandas” eletrônicas as vezes formadas apenas por duplas. As guitarras começam a ficar em segundo plano e os teclados tomam conta. Surge também o Hip Hop, música eletrônica que geralmente tinham letras de protesto e oriunda das periferias mais pobres. O rádio, o comércio e até mesmo a Billboard, revista especializada no ramo que media quais eram as músicas e artistas preferidos do país também é invadida pelo Pop. O estilo era uma fusão de tudo que existia até então e isso fez com que aparecessem os artistas e bandas de “um sucesso só”, tamanha foi a avalanche produzida pelo estilo. Mas as guitarras não sumiram, apenas ficaram destinadas a um público um pouco mais restrito. E a bandas de rock passaram a tocar o Hardrock, um tipo de rock com o peso do Heavy Metal mas com melodias marcantes e letras que falavam geralmente sobre os desencontros no amor, tornando o estilo também radiofônico e também o Punk, um rock mais voltado as origens do estilo, só que com um beat mais acelerado e ácido e com letras de protesto e anarquistas. Esse estilo gerou uma sub cultura com estilo próprio de se vestir, de atitudes e até mesmo de vida. A invasão causada pelos sintetizadores passou a ser mais amena e logo o rock foi reconquistando o seu espaço. 


No final dos anos 80 e virando os 90, o rock se fortaleceu e veio com força total, unindo-se ao pop (se não pode vencê-los, una-se a eles...). Parecia um caldeirão de estilos, ainda que em geral bem definidos e quase todos muito radiofônicos. Essa explosão comercial no rock gerou um novo estilo no início dos anos 90, o Grunge. Era um rock de garagem, com muito pouca ou totalmente sem produção, cru mesmo, com letras geralmente psicodélicas, outras falavam de amor mas de uma forma mais moderna que dos anos 50 e 60 e também criou moda e costumes característicos. Um dos grandes símbolos é a camisa xadrez de fazendeiro, também difundida pela banda carro chefe do estilo: O Nirvana. Só que o estilo e esta mesma banda que o simbolizava rumaram na contramão dos pensamentos de quem era do estilo: O sucesso. E foi mais uma avalanche, ao ponto de um único disco tocar inteiro nas rádios. Somado a grande quatidade que muitos integrantes destas bandas consumia de drogas e um mercado um tanto confuso mas que devorava tudo que nascia neste estilo, a maioria das bandas foram sucumbindo, acabando ou até mesmo com integrantes morrendo (caso do Nirvana). Da mesma forma que o Grunge chegou, ele se foi. Não totalmente, mas passou a ser novamente um estilo com público restrito, o que combinava com a forma de pensar deles. 


No final da década, o rock ficou um tanto confuso, e surgiam bandas, cantores e cantoras com estilos mais Folk, ou bandas de Heavy Metal passavam a a invadir o rádio e TV, algumas tentativas de Pop misturado com rock... E uma infinidade de dissidências surgiam, mas sempre direcionadas a públicos restritos. Eis que chegam os anos 2000. E confesso, da virada do século até agora, não notei muita diferença. Com raras exceções, vejo que o rock está em uma fase de exploração comercial tão intensa que perdeu as suas raízes totalmente. Sinto falta de “heróis” como o AC/DC, que toca o seu rock’n’roll praticamente do mesmo jeito que começou, na década de 70. 


Enfim, pode não parecer em virtude do tamanho do texto, mas resumi bastante a história para que ela ficasse de uma forma mais didática e menos cansativa, mas posso afirmar que os detalhes são muitos, e encantadores. Mergulhar na história deste estilo não é só uma aula de música. É uma aula de história, moda, política, costumes. Hoje eu aposto que o rock vai chegar a um ponto que será necessário recomeçar lá de suas raízes para voltar a ser prazeroso de se escutar. E você, no que aposta?





Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical





Oi galera!

O meu nome é Clayton Chiesa e a partir de agora vou poder expressar o meu ponto de vista sobre a cena cultural da cidade de Pelotas e região, além de outras curiosidades ligadas (ou não...) a cultura. Para quem não me conhece, sou produtor musical, músico e trabalho no ramo publicitário como editor de áudio em uma empresa especializada.


Natural de Santa Vitória do Palmar/RS, vim para cá no início dos anos 90 e, pude acompanhar a evolução cultural da cidade com o surgimento de bandas bem legais, o nascimento do Grupo Tholl, o Teatro do COP e a noite pelotense daquela época que era muito diversificada e divertida também.

Enfim, de certa forma me sinto como um legítimo cidadão pelotense sem abandonar as minhas raízes. Gosto muito desta cidade, acho que temos um enorme potencial cultural aqui e por conviver diretamente no meio, penso que falta incentivo por parte do governo e porque não das empresas privadas também.


É bem verdade que a situação já foi bem pior, pois aconteceram “indícios” de alguma preocupação, mesmo que mínima ao longo dos anos até então. Mas não podemos esquecer que ainda temos um dos maiores símbolos culturais da cidade fechado, o nosso querido Theatro Sete de Abril. Eu, como muitos, tive a oportunidade me apresentar lá e só quem teve esta experiência sabe o quão diferente é uma apresentação lá. A acústica é muito boa, não necessita de grandes potências de som para uma boa apresentação, além de oferecer um ambiente diferente de tudo na cidade em termos de qualidade de acústica e posições para sentar e assistir um espetáculo, por se tratar de um teatro não muito grande. Eu particularmente prefiro assim e, espero juntamente com todos os pelotenses a reabertura tão prometida.




Bom galera, fiquei feliz com o convite que recebi para escrever aqui neste espaço bacana, convite que aconteceu quando eu estava de saída da cidade em férias para passar a virada do ano na minha terra natal. Como podem imaginar, não tive muito tempo para me atualizar nos últimos dias e em razão disto não citarei bandas, grupos, teatro, dança, e etc nesta edição. Mas ao longo das edições irei mergulhar neste meio e tentar mostrar para vocês o meu ponto de vista e de percepção sobre a cena cultural desta bela cidade. Uma ótima entrada de ano novo a todos!

Clayton Chiesa
Músico e Produtor Musical

5 comentários:

  1. Parabéns pela qualidade do texto!!! Adorei o estilo bastante personalizado e descontraído, tornando a leitura leve e prazerosa. Consegui me situar historicamente acompanhando cada fase que o rock percorreu. Com toda certeza vou buscar os "detalhes", pois minha curiosidade foi despertada... Estou contando o tempo para ler teu próximo artigo !!! Abração.

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    1. Oi Dani! Obrigado pelo feedback, é muito importante eu recebê-lo para ir acertando a mão nos próximos artigos! Valeu, grande abraço!

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  2. Mais uma surpresa... O estilo está impecável. Quanto aos "cinquenta tons", discordo, pois foi extremamente bem escrito, independente do conteúdo (que também aprecio). De qualquer forma, curti o manifesto pela CULTURA, que acredito, muitos nem saibam do que se trata. Os absurdos que acontecem no nosso país se devem a precariedade da educação e a falta de interesse do povo, como um todo. Cultura é artigo em falta no mercado... Esse é apenas mais um dos motivos que me fez retornar ao que amo: educação infantil. Quem sabe a gente mexendo na base, a coisa mude de figura... Parabéns Clayton !!!!! Abraço.

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  3. Olá, Dani! Agradeço mais uma vez pela interação. Que bom que concordamos a respeito do tema, me faz pensar que não sou o único a pensar que a base de nossos problemas começa na educação e logicamente conectado a isso a cultura. Acho louvável a tua atitude como educadora assim como todos que trabalham neste meio. São profissionais que trabalham porque amam a profissão, certamente não é por conta da remuneração... Queria muito que a política funcionasse da mesma forma e com os mesmos salários, seria perfeito né? hehehe! Quanto ao livro, gostaria de frizar que não condeno o conteúdo, pois mesmo sem ter lido, através de pesquisas sei do que se trata e como todos também me agrada o conteúdo. Condeno a forma modista que este tipo de obra se espalha. Acho que o espaço na mídia em geral (seja rádio, tv, jornais, internet...) deveria ser um pouco mais democrático, pois não faltam boas obras tão boas quanto essas para serem apreciadas. Obrigado mais uma vez pelo feedback! Hasta!

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  4. Adorei as sugestões de filmes... Letra e música, na minha opinião, é o casamento perfeito... O filme é gostoso de ver, uma delícia de ouvir. Tive o prvilégio de assistir contigo, lógico que isso conta muito, rsrsrs. Vi Blues Brothers também, várias vezes, é apaixonante. Só não vi, ainda, a terceira recomendação, mas vou providenciar. Excelente seleção Clayton, e as curiosidades sobre as gravações, muito interessantes também. O que será que vem por aí...??? Abração.

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